quinta-feira, 9 de julho de 2015

O amor e seus disfarces

Certo dia, Sofia jurou encontrar o amor de sua vida.
Planejou um futuro juntos que daria um belo filme.
Mas ninguém contou para a pobre menina que a vida real não é tão boa como nas telas de cinema.
Então Sofia chorou.
Dois dias seguidos.
E na terceira noite, teve uma ideia.
Colheu algumas gotas do mar cristalino e deu cor aos seus olhos negros como a noite.
Agora eram azuis, brilhantes e cheios de luz.
Passou a beber, deixou o cabelo crescer.
E todos os dias ouvia a discografia dos barbudos. No fim do mês, já havia gravado tudo, e podia cantar até de trás pra frente.
Por fim, comprou uma passagem pra Macaé.
"Será que ele fugiria atrás de mim?"
Resolveu arriscar, um final de semana longe não faria tão mal assim.
Mas nada aconteceu.
Então Sofia chorou mais uma vez.
E entendeu que não podia querer ser alguém, porque ela era aquela ali, com olhos negros, cheia de imperfeições, e aquele jeitinho chata-dramatica-manhosa-teimosa-ciumenta.
Se alguém a quisesse amar, teria que carregar a bagagem toda.
12 a.m
Pegou um táxi, deixando os dirfarces e fantasias para trás.
A viagem chegara ao fim.
A partir daquele dia seria apenas ela.
Com todos os seus nós.
Lá fora, quase dava pra ouvir o vento rodopiar.
Mas dentro dela algo pulsava em seu peito, tão forte, que jurou o motorista ter ouvido.
Agora sim, Sofia começara a entender a vida.