quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Se a saudade falasse...

Já faz um tempo e eu ainda hesito quando ligo pra pedir uma pizza. Não preciso mais pedir metade frango/qualquercoisa sem cebola e azeitona. Mas de fato, você sempre me vem à mente na hora do pedido.
Outro dia, a tia da prima da mãe das formiguinhas da sua casa, que subiam na cama e não me deixavam dormir, me contou que elas sentem falta de atrapalhar nossa conchinha.
E que as paredes da casa não são mais tão verdes.
Hoje elas assumiram um tom de cinza, de saudade talvez.
Que o senhor do bar da frente já não sorri tanto como antes.
Quem é que vai ser tão pontual para ele ter que fazer companhia e preparar um cafézinho, enquanto te espera chegar?
Hoje, os pontos de ônibus, táxis, trens, bares e cinemas da cidade sentem saudade da gente.
Do nosso beijo e daquele abraço que mais parecia um nó.
Mas o show acabou.
O nosso filme saiu de cartaz.
E eu continuei aqui, sentada no cinema, na esperança de uma próxima sessão.
Um horário extra talvez.
Não teve jeito.
E dessa vez ninguém perguntou se podia apagar a luz.
Não teve par ou ímpar ou jokenpo pra decidir quem ia.
Elas simplesmente se apagaram e você se foi.